sábado, 18 de dezembro de 2010

POEMAS DE LAMANTIA




Litografias de Toyen

PARA COMEÇAR ENTÃO, NÃO AGORA

A claraboia inunda
Quando tu entras em minha voz
Levando uma caixa de fogo
Completamente silenciosa
Te abres à força encantada
Pelos mistérios do sonho

NO DOMÍNIO DE EMU

para Franklin Rosemont

Como um túmulo aberto que irradia uma risonha couve-flor
Algo assim como uma árvore gravando seus pés
Em um leopardo
De olhos quadrados
As luas e o pão competem pelo gosto entre
Os corações
De diamante

Do outro lado do lago do ser o vento fuma
Chamas tubulares
As cadeias estão tranlando corvos
As placentas refratadas na torre deserta
Da tormenta
Substituem a rua dos deslumbres
Submergida novemante em
Sua oculta saída
Enquanto a cidade desperta como um flor de
Cavalheiros
Amantes

VIBRAÇÃO

Há um vento que tortura os morcegos
E estão as plantas chamuscadas por sóis mortos
A cidade perfilada com o mar
Onde os abismos de pterodáctilos me chama
Há uma espiral de terror animando minha mente
E o zumbido do esqueleto da solidão
Onde florescem cadáveres furiosos numa garrafa
E armas vermelhas se desvanecem nos espelhos

Olho para trás pela folha de meu duplo
Ali voa - através de sua vista - O Enforcado
Onde uma pirâmide de água se aproxima
Entre os alimentos da vida interior


O ELEMENTO QUE AMAS


Posso te ver desde os cascos navegando na praia cheia de cimento, indicando-me o arco caído de um cometa que enche o rio de um falcão, um encontro surpreso submergindo os faróis.

Um vencedor emboscado em sua pirâmide voadora, ocre é a janela do saudável espelho... e um estrondo de portas alude a um leão, por aqui e por lá, mostrando displicentemente damas fugaces a ponto de se desvanecer no escudo das armas da chuva, donde os desejos civilizados emplumados com inanidades anti-cefálicas rogam a seus convidados que se acorrentem.

Nada menos que um centavo polido quando dispara a suja luz dos predadores que se escondem nos portos libertados por uma mulher e pela água, penteando um vítreo vestido putas-em-mão e uma ave cujo bico se suaviza até voltar-se para seu lacre de poesia líquida.

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