sexta-feira, 30 de novembro de 2007

SALETE E O AGONIZANTE JOGO DAS INDIVIDUALIDADES


Bossanóia ou todo mundo
tem direito de ser deus

para Saulo Viana


João Gilberto não se perde porque é deus
nhanhanhanzinho endeusimumificado
e tudo volta a ser para sempre a máquina-deus
enquanto a musa voa como um fraseado saxofônico
é o último instante de um banquinho chamado adeus
com nove orelhas instantâneas e o mesmo instante por quatro
sonho
espessura
elástico e
madrepérola

João Gilberto não se perde porque é deus
suas mãos fogem do medo quando amarelam a figura do deus
sua boca engole o barquinho para alegria dos dentes
fúria dos dentes paixão e morte dos dentes...
É noite de São João, espinhos, todavias, carrinhos de bebês,
Velhinhos digladiando-se ao som desta bossa
Ou se preferir conto de fada:

era uma vez uma vez
que de quanto em vez não era
que todos diziam está de vez
ou era a bola da vez
vez verde por sinal semáforo
vez por outra era
não que de vez em quando não fosse
mas que sendo logo deixaria de ser
era uma vez sem vez
uma vez que era parte de um talvez
de alguma forma uma jogada de xadrez
e a banda do açougue desfila diante de um pedaço de vidro
João Gilberto cai do banquinho fica vincado.
moral da história: todo mundo tem direito de ser deus.

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